Memórias De Um Adeus

Você estava aqui o tempo todo, mas eu não percebi.
Diante de mim vejo o que temi:
A mala em suas mãos,
Sua mão na maçaneta
Abrindo a porta do adeus
Com um olhar tão cansado, já sem nenhuma emoção.
Acho que você aceitou toda esta situação, e parou de lutar.
Que tipo de pessoa sou eu que começa a lutar quando a batalha em si já acabou.
Eu decidi que queria lhe fazer ficar.
Por favor, volte.
Eu gritei, mas você já estava longe e não conseguiu me escutar.
Eu queria te fazer prometer
Que de mim jamais viria a esquecer,
Mas percebi que é besteira.
Afinal, onde eu estava quando você precisou?
E onde estava você quando meu mundo desabou?
Significamos algo um para outro, afinal?
Percebo quão egoísta e possessivo pode se tornar o amor,
Querer alguém que lhe faça bem, que lhe ampare, para te chamar de "meu bem"
E querer que aquilo apenas seja seu e de mais ninguém,
Mas não cuidei de ti quando precisou, eu fugi, sempre fujo.
Busquei refúgio e não encontrei e quando decidi voltar, crente que lá você ainda estaria,
Achei tuas meias,
Achei teu cheiro,
Achei tua alma que ali aprisionei,
Mas tu em si,
Tu eu não achei.
Sentada no lugar onde costumavas ficar,
Olhei para o relógio para ver se ainda havia tempo de te reencontrar.
Tarde demais.
Senti dentro em mim um misto de alívio e solidão.
Finalmente o rapaz que despertava as pobres borboletas em meu estômago se foi,
Mas levou junto minha inspiração.
Foi uma péssima ideia depositar minha alma em ti,
E depois fugir,
Acreditando que você cuidaria bem.
Minha pobre alma poeta, agora ali no chão,
Morreu por poesia ou pela falta dela, por que não?
Minhas pobres borboletas, sonhavam em voar tão alto e veja só onde estão, no chão.
Juro que irei procurar um ninho, outro lar para depositá-las
Elas por serem capazes de sonhar merecem um lugar melhor do que esta sala vazia, sem cor, sem vida.
Algum dia me darei asas para que como minhas borboletas eu volte a enfim sonhar,
E quem sabe em um desses sonhos meus
Eu lhe encontre e talvez até lhe
conte os mistérios de voar,
Mas se ali tu não estiver, perdoo-te,
Quem sabe outro louco como tu possas por mim se interessar.
Que esteja disposto a me encontrar
Detrás dessa fortaleza que construí para me proteger.
Se queres ir, pois vá, sem ressentimento algum.
Só peço-te: Não volte mais.
Você não sabe o bem que me fez,
E não sabe o mal que faz ver seu bem partir.
Pode enviar uma carta, ou uma mensagem se preferir
Será um prazer ter contato com algo teu,
Só não bata aqui de novo.
Não é que eu guarde mágoa,
É que não há mais vagas.
Não me tranquei, apenas me reservei,
Para não sofrer ou causar sofrimento,
E neste meio tempo, minhas miseras expectativas mantenho,
Na espera de algum dia ser capaz de abrir esta  porta, para quem souber bater.
O que resta para hoje é o adeus.
Passar bem.


Parceria: Karina Ab.



Obs. Após  muito tempo sem postar, aqui está um textinho lindo, que não sei o motivo de não estar aqui antes..

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Qual o motivo de sua existência?

Eu juro que parei - Um apoio ao setembro amarelo!

E se...